A revanche da eguinha pocotó



O amigo leitor há de lembrar que escrevi aqui outro dia sobre o direito de ser burro, escrevi também sobre a minha necessidade de rir da situação, e cheguei ao cúmulo de escrever o manual do bom aluno. Mas, confesso que essa semana fui nocauteado pela minha querida professora já citada aqui diversas vezes.

Numa nova discussão sobre a existência ou não de uma cultura superior onde mais uma vez a minha querida mestra tentava convencer-me sobre suas teorias, ouvi o seguinte enunciado: “Se você continuar pensando desse jeito, vai acabar entrando no senso comum, onde se acredita que algumas pessoas sejam cultas e outras não (sic).”

Como diriam os membros do NerdCast, minha cabeça explodiu. Não sou ovo, mas fiquei chocado. Eu, pobre ignorante, sempre achei que o mundo era composto de pessoas que são cultas e outras não. 

Naquele momento eu estava ouvindo que “todos são cultos (sic).” Perguntei um tanto embasbacado: - Como?! E ela danou a falar que “é comum se ver um não representante da classe culta ou erudita assistindo a um concerto de música clássica, mas jamais alguém vai encontrar um erudito numa balada funk. Isso é prova do etnocentrismo cultural. Os eruditos querem impor sua cultura como se fosse superior às outras (sic).”

Durante alguns segundos imaginei meus ícones, (Mário Ferreira dos Santos, Otto Maria Carpeaux, José Osvaldo de Meira Pena e tantos outros), num baile funk, dançando em coreografia sincronizada a eguinha pocotó. 

Segurei o meu desejo de gargalhar, anuí com a cabeça e desci as escadas, esclarecido que eu era representante da classe burguesa, aquela classe que tem a pretensão de achar que uma cultura que prevalece, se acumula e evolui a mais de dois mil anos possui mais valor que a moda do momento.
Após essa aula de erudição (?) resta uma pergunta: para quê serve a palavra ‘Inculto’?

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